Pesquisadores encontram raias gigantes no Litoral de São Paulo

A temporada 2014 de raias mantas (Manta birostris) no Litoral de São Paulo está oficialmente aberta. Duas fêmeas, uma de 3 metros (foto 1) e a outra de 5 metros (foto 2) de envergadura, foram avistadas e identificadas na Ilha da Queimada Grande (a 16 quilômetros da costa de Itanhaém) pelos pesquisadores do Projeto Mantas do Brasil, que é patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. Pela primeira vez na América do Sul, foi coletado material genético, contido no muco que encobre os animais, para o estudo da espécie.

A equipe do Projeto Mantas do Brasil localizou rapidamente as raias a aproximadamente 20 metros de profundidade, no lado sudeste da Ilha, região conhecida como Paredão das Caranhas (nome dado em razão da espécie de peixes que aparecem no trecho). Segundo os biólogos, as fêmeas estão em rota migratória e, provavelmente, pararam ali para se alimentar - devido à grande quantidade de plânctons. De lá, elas devem seguir até a Laje de Santos, distante 53 quilômetros, considerado o melhor ponto de observação em todo o litoral brasileiro.

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"Fizemos a primeira coleta de muco da pele do animal no Atlântico Sul. É um método não invasivo (feito com uma escova adaptada) para estudar o DNA da espécie e que se mostrou muito eficaz em outras partes do mundo", explica o coordenador de Educação Ambiental do Projeto, Guilherme Kodja. O método foi desenvolvido pela cientista norte-americana Andrea Marshal, Ph.D. no estudo das raias mantas, e visa, após análise do material, a compreensão quanto à biologia desses animais que correm o risco iminente de extinção.

Além da retirada do muco, o registro fotográfico realizado poderá identificar (por meio das manchas do ventre) e catalogar os animais em um banco de dados mundial, que visa o monitoramento dos indivíduos por todos os oceanos. Durante o mergulho, a equipe do Projeto Mantas do Brasil também tentou afixar nas raias transmissores (tags) via satélite (que não causam nenhum tipo de incômodo). Foram diversas tentativas, mas a visibilidade prejudicada e o mar agitado não permitiram que os pesquisadores obtivessem pleno sucesso.

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Risco de extinção

Completa-se em 2014 um ano da proibição da pesca predatória de raia manta no Brasil. Foram os integrantes do Instituto Laje Viva, realizador do Projeto Mantas do Brasil, que intermediaram as conversas com o Governo Federal, provando que a espécie, que pode atingir até 8 metros de comprimento e pesar 2 toneladas, está em risco de extinção. "A lei prevê sanções aos pescadores que trouxerem a bordo de suas embarcações o animal morto ainda que por acidente”, ressalta a coordenadora-geral, Ana Paula Balboni Coelho.

A missão do Projeto, que existe oficialmente há 5 anos, é justamente de auxiliar na preservação das espécies de raias mantas. Entre outras ações realizadas pelos pesquisadores, está a de educação ambiental, que abrange estudantes de toda a Baixada Santista, e a formação gratuita de mergulhadores, profissionais ou amadores, para uma fotoidentificação (a partir de uma foto do ventre) durante um eventual encontro subaquático com um animal da espécie.


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