Pesquisadores iniciaram um trabalho em conjunto para estudar as diferenças e semelhantes dos ecossistemas marinhos localizados na costa de São Paulo e do Paraná. Uma expedição em junho, quando a ação foi iniciada, resultou na instalação de um equipamento que monitora corais no Parque Estadual Marinho da Laje de Santos.
O trabalho ocorre entre as equipes do Projeto Mantas o Brasil, patrocinado pela Petrobras e pelo Porto de Santos (CODESP), que estuda a ocorrência de raias mantas na costa brasileira, e do Programa de Recuperação da Biodiversidade Marinha (Rebimar). O primeiro tem sede no litoral paulista, enquanto o segundo no litoral paranaense.
Na expedição à Laje de Santos, localizada a aproximadamente 40 quilômetros das praias da Baixada Santista, os pesquisadores iniciaram a ação conjunta. O objetivo inicial dessa parceria era o de ampliar o estudo sobre o Mero (Epinephelus itajara), a Tartaruga-verde (Chelonia mydas) e a Raia manta (Mobula birostris), todas espécies ameaçadas de extinção, além de trocar experiências acadêmicas.
Para isso, segundo o coordenador de pesquisas do Projeto Mantas do Brasil, o biólogo e mergulhador Léo Francini, as equipes utilizam um equipamento de chamado Rebreather, que reduz os ruídos produzidos pelo mergulhador debaixo d´água em relação ao sistema que utiliza o cilindro de ar convencional. "Assim, conseguimos nos aproximar mais dos animais, como as raias, para fazer imagens sem afugentá-los".
O uso do equipamento possibilitou que os pesquisadores pudessem, também, catalogar animais encontrados no entorno do santuário marinho, na costa paulista. "O objetivo dessa expedição também foi o de fazer censos visuais de peixes com o uso dessa tecnologia", explica o coordenador do Programa Rebimar, Robin Loose.
Além disso, os pesquisadores instalaram, no costão rochoso da Laje, unidades de Arms (Sistema de Monitoramento de Recife Artificial, em inglês). Tratam-se de estruturas que simulam o ambiente recifal e que são colonizadas naturalmente pelos organismos para, posteriormente, serem retiradas e estudadas.
"Isso evita que a gente faça raspagem nas rochas, por ser uma estrutura artificial. Há vários instalados em pontos do Paraná e de São Paulo nos ajudando a estabelecer essa conectividade entre os ecossistemas, que formam um corredor ecológico para uma série de espécies", explica o biólogo Rafael Metri.
A soma de esforços, além de permitir a ampliação de estudos de espécies, vai colaborar com a troca de experiência entre os pesquisadores das duas regiões e os resultados vão apoiar estudos de universidades federais dos dois estados. Os equipamentos utilizados na expedição foram adquiridos pelo Projeto Rebimar com o patrocínio da Petrobras.