Terceira Espécie
TERCEIRA ESPÉCIE
Perceberam como a coloração e o tamanho das mantas de Noronha é bem diferente das que normalmente encontramos na Queimada Grande, Laje de Santos (veja a Eleven no próximo texto), em Revillagigedo e em Cocos, por exemplo? Corpo menor, cara branca, ventre quase todo branco, com apenas algumas pintinhas – na foto abaixo vemos o Lucca, antes dos ferimentos. É justamente este nosso principal projeto de pesquisa. O que faz dessas mantas diferentes? Apenas a aparência? Ou também o comportamento recifal? Estão vivendo em uma mesma região sem nenhuma sazonalidade? Seriam, então, de uma outra espécie?
Foto: Seria o Lucca parte de uma nova espécie de Mantas?
creditos: Rick Cruz
Até 2009, os cientistas acreditavam existir uma única espécie de raia manta (M. birostris – “oceânica”), quando uma segunda foi descrita (M. alfredi – “de recife”); ambas estão classificadas como vulneráveis na lista vermelha IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais). O Mantas do Brasil está em uma cooperação internacional de cientistas para decifrar a possibilidade de existência uma terceira espécie, latino-americana, que habitaria desde o Golfo do México até o sudeste brasileiro.
Animais com essas características já foram registrados em São Paulo, no Rio de Janeiro, no Espírito Santo, na Bahia e em Pernambuco. Os avistamentos de raias-manta em Noronha, antes extremamente raros, vêm se intensificando ao longo dos anos – são quase 50 registros de 15 indivíduos diferentes desde 2002, sendo um morto por enrosco no porto (comprovando o perigo atual). Ou seja, as mesmas mantas reapareceram em diversas épocas do ano, indicativo de que escolheram a região como seu novo lar. Confira os registros no Banco Brasileiro de Mantas, nossa mais importante ferramenta de pesquisa e preservação.
Foto: Amostra de material genético coletado
Material genético de manta é algo extremante difícil de ser coletado. E mais uma vez nós conseguimos! Retornamos de nossa visita a Fernando de Noronha com raras amostras de DNA do Marcão, um macho jovem e dócil (é ele que aparece nas primeiras duas fotos do INFOMANTAS de outubro), que nos ajudará ainda mais em nossa pesquisa sobre esta possível terceira espécie de raia-manta habitando a costa brasileira. O trabalho está avançando a passos largos desde que realizamos a necropsia – a primeira do Brasil – de um animal encontrado morto (evidente descarte de pesca) em Cananeia, litoral sul de São Paulo, em abril deste ano.
O Projeto Mantas do Brasil tem o treinamento e as autorizações necessárias para pesquisa da espécie, incluindo coleta de material biológico, em todo o país.
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Contato para imprensa:
Marcella Duarte
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MANTAS DE NORONHA: BELO ESPETÁCULO PARA OS HUMANOS, RISCO DE MORTE PARA OS ANIMAIS
Nos últimos meses, raias-manta têm exibido um verdadeiro balé aquático no Porto de Santo Antônio, em Fernando de Noronha, que virou atração dentro e fora d’água. Mas, o que atrai nossos olhos, guarda um enorme perigo para os animais: o risco de ferimentos e até de morte nas pedras e, principalmente, nos inúmeros e grossos cabos de poitas das embarcações da área.
As piruetas das mantas à flor da água indicam alimentação: é assim que elas filtram a água para comer o plâncton. O comportamento alimentar das raias gigantes de Noronha há anos já vem sido observado pela equipe do Mantas do Brasil e nossos cientistas parceiros, em diversos pontos da ilha. Mas por que só agora os animais começaram a fazer isso no porto, quase que diariamente e à noite? Após uma forte ventania, um holofote, instalado para uma obra no porto, girou de posição e passou a iluminar diretamente a água. A forte luz atrai plâncton, pequenos peixes e, consequentemente, as mantas – que normalmente se alimentariam mais afastadas da costa.
Condicionar animais a irem todos os dias a um mesmo lugar para comer já é uma forte interferência humana. Mas, o pior, é que o local em questão é um porto, repleto de cabos, motores de barcos, petrechos de pesca e diversos perigos que elas precisam cruzar para chegar às pedras do mole – mais uma ameaça –, onde a luz está posicionada.
Diante dos relatos, a equipe de campo do Mantas do Brasil, coordenada pelo biólogo Leo Francini, foi a Noronha, no início de setembro, para analisar este comportamento, verificar se os animais estavam saudáveis, fazer imagens e coletar amostras. E a conclusão é clara: a luz deve ser desligada. A situação é tão preocupante que enviamos um parecer técnico ao ICMBio , autoridade responsável pela gestão do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, solicitando que tomem providências para o desligamento das luzes.
Comparando registros dos mesmos animais antes e depois da iluminação na água, encontramos cortes, arranhões, anzóis presos e outros ferimentos. O mais grave foi o caso da manta Lucca, nosso xodó, um macho juvenil avistado pela primeira vez em janeiro deste ano e que frequentemente aparece para os mergulhadores – desde então, já temos mais de 15 registros dele pelo arquipélago. No mais recente antes de nossa visita, de 26/8, ele estava lindo e saudável.
No dia 5/9, veja fotos abaixo, o encontramos com a pele esfolada em diversos pontos, provavelmente por roçar nas pedras para se alimentar, e com um enorme ferimento do lado direito do corpo, que vai do dorso ao ventre, pega a nadadeira cefálica, as fendas branquiais, os órgãos reprodutores e que machucou profundamente a nadadeira peitoral e a cabeça. Tais marcas indicam que ele ficou preso em uma poita. Poderia ter morrido, mas conseguiu lutar e escapar. Será que outras mantas sofreram assim no trajeto até a luz? Elas também conseguiram se soltar dos cabos? Será que o Lucca ainda está vivo?
Contamos com o apoio da comunidade e das autoridades de Noronha, para impedir que a população de mantas que vive e se reproduz nas proximidades do arquipélago não acabe seja dizimada pela ação humana.
Qualquer atividade de exploração de turismo sustentável com raias-manta só pode ser implantada em um local que não ofereça riscos aos animais – e também aos expectadores, que neste caso também correm risco pois se posicionam nas pedras, sem nenhuma proteção, para observar a movimentação na água.
Agradecemos os nossos parceiros em Noronha pelas informações e pelo apoio, desta vez em especial a Atlantis Divers, a All Angle, a Mayla Ydoo e a Zaira Matheus.
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Contato para imprensa:
Marcella Duarte
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Inédito Oceanário apresenta a vida marinha em evento gratuito na Casa das Caldeiras
Inédito Oceanário apresenta a vida marinha em evento gratuito na Casa das Caldeiras
Domo inflável do Projeto Mantas do Brasil terá visitação aberta ao público no sábado e no domingo
O exclusivo Oceanário do Projeto Mantas do Brasil chega à Casa das Caldeiras, zona Oeste de São Paulo, neste final de semana. A atração é um domo inflável de 8 metros de diâmetro, com projeção 180º de vídeos submarinos, algo inédito no país. Um verdadeiro mergulho entre corais, peixes multicoloridos, tubarões, golfinhos, tartarugas e, claro, raias-manta – o animal estudado e preservado pelo Projeto, que tem patrocínio da Petrobras.
O Oceanário funcionará das 9h às 12h e das 13h às 16h, nos dias 17 e 18/8, sábado e domingo, como parte da programação do evento "Jornada do Patrimônio 2019". As sessões acontecem de hora em hora e são abertas para o público geral, com entrada gratuita e sem restrição etária. O filme exibido será o "Mergulho no Desconhecido", acompanhado por uma pequena palestra dos pesquisadores do Projeto.
"Queremos que as pessoas lá dentro tenham a sensação de estarem mergulhando. Um filme projetado em 180º vai mostrar que conhecemos muito pouco, ainda, das riquezas de nossos oceanos, que estamos destruindo antes mesmo de conhecer. É um modo de alertar as pessoas sobre as necessidades da conservação marinha", explica a coordenadora do Projeto Mantas do Brasil, Ana Paula Balboni Coelho.
O Mantas do Brasil, realizado pelo Instituto Laje Viva, é referência na América Latina no estudo da Mobula birostris, a maior espécie de raia do mundo, que está vulnerável à extinção e pode atingir 8 metros de envergadura e pesar mais de 2 toneladas. Todos os encontros com esses animais registrados no país podem ser acessados no Banco Brasileiro de Mantas:
www.mantasdobrasil.org.br/banco-brasileiro-de-mantas/consulta
Jornada do Patrimônio 2019
A Casa das Caldeiras – construção fabril localizada na Avenida Francisco Matarazzo, tombada como um dos principais patrimônios históricos de São Paulo – celebra seu espaço na memória dos paulistanos abrindo suas portas, gratuitamente, neste final de semana. A programação inclui visitas guiadas, diversas oficinas e apresentações artísticas, convidando a população para uma imersão na história da Casa, que se funde com a do bairro e da cidade que se transformou em metrópole.
Com suas três chaminés de mais 30 metros de altura e caldeiras remanescentes, o espaço foi restaurado e revitalizado no final de década de 1990, passando a gerar um novo e potente tipo de energia ali: a criativa. Agora palco de encontros e eventos para construção de novas histórias, a Casa das Caldeiras caminha para um século de legado.
A Jornada do Patrimônio 2019, realizada pela Prefeitura de São Paulo, inclui mais de 1.000 atividades em cerca de 500 pontos por toda a cidade, confira a programação completa:
https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/noticias/?p=26411
Oceanário do Mantas do Brasil
Onde: Casa das Caldeiras – avenida Francisco Matarazzo 2000, Água Branca, São Paulo/SP
Quando: 17 a 18/8/19, 9h às 12h e das 13h às 16h
Quanto: gratuito – lugares limitados, entrada por ordem de chegada
Mais informações:
facebook.com/casadascaldeiras
facebook.com/projetomantasdobrasil